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Mau Hálito
12 abril 2021 Higiene Oral

O mau hálito, cujo termo técnico é a halitose, afecta cerca de 40% da população de acordo com a OMS. O mau hálito carrega consigo uma carga negativa que afeta a interação social normal, bem como a nossa auto-estima.

Desde já, é importante sublinharmos o seguinte: a halitose, ou a halitose crónica, tem tratamento e pode estar associada a problemas dentários (maioria dos casos) ou a outras patologias clínicas - digestivas ou respiratórias. 

Por outro lado, o mau hálito resultante da ingestão de determinados alimentos como a cebola ou o alho, apesar de apresentar os mesmos problemas, é uma situação temporária de fácil resolução (escovagem dos dentes, por exemplo).

 

Sintomas do mau hálito

O mau hálito pode ser um sintoma de que algo mais se passa no seu corpo. E pode nem ter a ver com a boca. O odor associado será, ele mesmo, um indicativo do problema principal.

Estes odores podem ser variados e resultantes de diferentes causas, desde uma higiene oral descuidada até a condições médicas mais graves como a diabetes, passando por infeções respiratórias ou na garganta.

O primeiro passo para descobrirmos as suas razões é realizar uma consulta com o seu médico dentista, de modo a que as causas possam ser apuradas.

E quais são elas?

 

Causas do mau hálito

  1. Problemas da cavidade oral
    Cáries, próteses mal adaptadas, fístulas, feridas cirúrgicas , acumulação de comida entre dentes são causas frequentes de hálitos.
     
  2. Higiene oral insuficiente
    Uma das causas mais comuns para o mau hálito é uma higiene oral pouco cuidada, que leva à acumulação de placa bacteriana e restos de alimentos em torno dos dentes, cuja decomposição leva à formação de gases com odor desagradável. 
     
  3. Doença das gengivas
    O desenvolvimento da doença gengival ocorre muitas vezes com acumulação de restos de alimentos em torno dos dentes, cuja decomposição causa mau hálito.
     
  4. Alimentação 
    A ingestão de condimentos, alho, cebola assim como dietas restritivas com poucos hidratos de carbono ou o jejum também podem ser responsáveis pelo mau hálito.
     
  5. Tabaco
    Fumar ou mastigar tabaco também origina mau hálito. 
     
  6. Medicamentos
    Medicamentos que alteram o fluxo de saliva como anti-depressivos, anti-histamínicos, diuréticos e anti-hipertensores podem provocar mau hálito.
     
  7. Patologias não dentárias
    Problemas gástricos como refluxo gástrico e hérnias, respiratórios como faringite ou sinusite, ou diabetes podem causar mau hálito.

 

Como saber se tenho mau hálito?

Colocar as mãos em frente à boca e “respirar”, ou seja, largar o ar para dentro das nossas mãos, pode parecer o passo mais óbvio, mas não é bem assim. Isto porque existem milhares de gases que compõem o nosso hálito e aos quais o corpo já se habituou. A menos que tenha acabado de comer um alho, o mais certo é não cheirar nada. 

Há duas formas seguras de confirmar se tem ou não mau hálito: a primeira é recorrer aos seus mais próximos e pedir-lhes que lhe confirmem, no caso de estar a sofrer de halitose.

Mas é perfeitamente normal que não se sinta à vontade para o fazer, pelo que a melhor recomendação será através do seu médico dentista, um profissional treinado e habituado a estas situações.

Com o seu dentista, não precisa (nem deve) sentir vergonha.

O mau hálito pode ser sintoma de outras doenças do corpo, pelo que a sua deteção precoce deve ser o mais desejável possível.

Em consultório pode ser realizado um teste organoléptico que consiste em inspirar pelo nariz, suster a respiração e depois expirar pela boca- esta avaliação é subjectiva porque depende do avaliador. Existem outros métodos de avaliação da halitose como o halímetro, cromatografia gasosa e o teste de BANA.

 

Porque temos mau hálito quando acordamos?

A saliva permite a lubrificação e uma higiene natural da cavidade oral (entre outras funções como de protecção, digestão, etc). Durante a noite, por um lado as bactérias na boca continuam o seu processo de digestão de resíduos com formação de compostos voláteis enquanto por outro ocorre diminuição do fluxo de saliva, simultaneamente.

O mau hálito matinal é uma situação que nos afeta a todos e, normalmente, não é um caso de preocupação. No entanto, se começar a reparar que está cada vez mais intenso deve visitar o seu médico dentista, para que o possa tratar.

Tratamento para o mau hálito

O tratamento inicia-se com a história do paciente e avaliação dos seus hábitos de higiene oral e estilo de vida.

O tratamento de cáries e das gengivas é um passo fundamental.

Uma vez que a maioria dos casos de halitose estão relacionados com problemas da cavidade oral, é fundamental adquirir hábitos de higiene oral:

  • Escovagem adequada com pasta dentífrica recomendada para mau hálito;
  • Limpeza inter dentária como o fio/fita dentária;
  • Bochecho com colutório com triclosan;
  • Escovagem da língua com raspadores da língua.

Para evitar que o mau hálito volte deve fazer consultas periódicas com o seu dentista.

No caso da causa para o mau hálito estar relacionada com outras patologias, deve consultar o especialista como um gastroenterologista, otorrinolaringologista ou até um alergologista uma vez que a hálitos pode estar associada a problemas digestivos ou respiratórios.

 

Como prevenir o mau hálito?

Uma das prevenções para o mau hálito pode ser aplicada em todos os casos da medicina dentária: a correta higiene oral, ou seja escovar os dentes diariamente duas e três vezes por dia com pasta dentífrica adequada e um meio de limpeza interproximal como o fio dentário.

Consulte um dentista de forma periódica, beba 2L de água e reduza o consumo de alimentos como o alho ou os fritos, que por si só podem deixar odores desagradáveis.

Por último, esqueça as pastilhas. Embora possam ajudar na produção de saliva e consequentemente diminuir o mau hálito, as pastilhas devem ser vistas apenas enquanto solução temporária contra o mau hálito, não ajudando – mesmo – a resolver a causa principal. 

E não se esqueça: o mau hálito é muito mais do que um problema que pode afetar a sua interação social e levar ao isolamento, não deixe que isso aconteça.

Marta Rasteiro

Marta Rasteiro

OMD 7824

• Licenciada em Medicina Dentária pela Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa;

• Master em Ortodontia e Ortopedia Dentofacial pela Universidade de Madrid em colaboração com a Gnathos Fundacción;

• Pós-Graduação em Ortodontia e Ortopedia Dentofacial pela Fundacción Gnathos em 2013.

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